Nosso sonho morreu. Devagarinho, Rezemos uma prece doce e triste Por alma desse sonho! Vá… baixinho… Por esse sonho, amor, que não existe!
Vamos encher-lhe o seu caixão dolente De roxas violetas; triste cor! Triste como ele, nascido ao sol poente, O nosso sonho… ai!… reza baixo… amor…
Foste tu que o mataste! E foi sorrindo, Foi sorrindo e cantando alegremente, Que tu mataste o nosso sonho lindo!
Nosso sonho morreu… Reza mansinho… Ai, talvez que rezando, docemente, O nosso sonho acorde… mais baixinho…
Florbela Espanca
Outras frases de Florbela Espanca
+ Amo-te tanto. E nunca te beijei... E nesse beijo, amor, que eu não te dei, guardo os versos mais lindos que te fiz. - Florbela Espanca
+ Sou talvez a visão que alguém sonhou Alguém que veio ao mundo prá me ver E que nunca na vida me encontrou - Florbela Espanca
+ Ser poeta é ser mais alto, é ser maior Do que os homens! Morder como quem beija! É ser mendigo e dar como quem seja Rei do Reino de Aquém e de Além Dor! É ter de mil desejos o esplendor E não saber sequer que se deseja! É ter cá dentro um astro que flameja, É ter garras e asas de condor! É ter fome, é ter sede de Infinito! Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim... É condensar o mundo num só grito! E é amar-te, assim, perdidamente... É seres alma, e sangue, e vida em mim E dizê-lo cantando a toda a gente! - Florbela Espanca
+ A ironia é a expressão mais perfeita do pensamento. - Florbela Espanca
+ E se um dia hei de ser pó, cinza e nada, que seja minha noite uma alvorada, que eu saiba me perder para me encontrar... - Florbela Espanca