“O padre ergueu-se para pegar no crucifixo; então ela estendeu o pescoço, como quem tem sede, e, colando os lábios ao corpo do Homem-Deus, depôs nele, com toda a sua força expirante, o maior beijo de amor que jamais dera. Depois o padre recitou o Miseratur e o Indulgentiam, molhou o polegar direito no óleo e começou a unção; primeiro sobre os olhos, que tanto tinham cobiçado todas as suntuosidades mundanas; depois sobre as narinas, gulosas de brisas tépidas e de perfumes amorosos; depois sobre a boca, que tanto se abrira para a mentira, que tanto gemera de orgulho e gritara de luxúria; depois sobre as mãos, que se deleitavam com os contatos suaves, e, finalmente, na planta dos pés, outrora tão velozes quando corriam a saciar os desejos e que agora nunca mais tornariam a caminhar.”

Madame Bovary


Gustave Flaubert

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+ Cuidado com a tristeza. Ela é um vício. - Gustave Flaubert

+ O coração é uma riqueza que não se vende nem se compra. Presenteia-se. - Gustave Flaubert

+ Pode fazer-se tudo, salvo fazer sofrer os outros: eis a minha moral. - Gustave Flaubert

+ Aos incapazes de gratidão nunca faltam pretextos para não a ter. - Gustave Flaubert

+ Nada é mais humilhante do que ver os tolos vencer naquilo em que fracassámos. - Gustave Flaubert

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