o sino da minha aldeia

O sino da minha aldeia, Dolente na tarde calma, Cada tua badalada Soa dentro de minha alma.

E é tão lento o teu soar, Tão como triste da vida, Que já a primeira pancada Tem o som de repetida.

Por mais que me tanjas perto Quando passo, sempre errante, És para mim como um sonho. Soas-me na alma distante.

A cada pancada tua, Vibrante no céu aberto, Sinto mais longe o passado, Sinto a saudade mais perto.


Fernando Pessoa

Outras frases de Fernando Pessoa

+ Vivo sempre no presente. O futuro, não o conheço. O passado, já o não tenho. - Fernando Pessoa

+ Viver não é necessário. Necessário é criar. - Fernando Pessoa

+ XXXIX - O MISTÉRIO DAS COUSAS O mistério das cousas, onde está ele? Onde está ele que não aparece Pelo menos a mostrar-nos que é mistério? Que sabe o rio disso e que sabe a árvore? E eu, que não sou mais do que eles, que sei disso? Sempre que olho para as cousas e penso no que os homens pensam delas, Rio como um regato que soa fresco numa pedra. Porque o único sentido oculto das cousas É elas não terem sentido oculto nenhum, É mais estranho do que todas as estranhezas E do que os sonhos de todos os poetas E os pensamentos de todos os filósofos, Que as cousas sejam realmente o que parecem ser E não haja nada que compreender. Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos: — As cousas não têm significação: têm existência. As cousas são o único sentido oculto das cousas. - Fernando Pessoa

+ We torture our brother men with hate, spite, evil, and then say “the world is bad”. Torturamos os nossos irmãos homens com o ódio, o rancor, a maldade e depois dizemos «o mundo é mau». (Aforismos e afins) - Fernando Pessoa

+ Vive a tua vida. Não sejas vivido por ela. - Fernando Pessoa

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