Qualquer coisa de obscuro permanece No centro do meu ser. Se me conheço, É até onde, por fim mal, tropeço No que de mim em mim de si se esquece.
Aranha absurda que uma teia tece Feita de solidão e de começo Fruste, meu ser anónimo confesso Próprio e em mim mesmo a externa treva desce.
Mas, vinda dos vestígios da distância Ninguém trouxe ao meu pálio por ter gente Sob ele, um rasgo de saudade ou ânsia.
Remiu-se o pecador impenitente À sombra e cisma. Teve a eterna infância, Em que comigo forma um mesmo ente.
Fernando Pessoa
Outras frases de Fernando Pessoa
+ Viver é ser outro. Nem sentir é possível se hoje se sente como ontem se sentiu: sentir hoje o mesmo que ontem não é sentir — é lembrar hoje o que se sentiu ontem, ser hoje o cadáver vivo do que ontem foi a vida perdida. Apagar tudo do quadro de um dia para o outro, ser novo com cada nova madrugada, numa revirgindade perpétua da emoção — isto, e só isto, vale a pena ser ou ter, para ser ou ter o que imperfeitamente somos. - Fernando Pessoa
+ vivo por que vivo, mas com a certeza que amanha sera um dia melhor - Fernando Pessoa
+ Viver é ser outro. Nem sentir é possível se hoje se sente como ontem se sentiu: sentir hoje o mesmo que ontem não é sentir - é lembrar hoje o que se sentiu ontem, ser hoje o cadáver vivo do que ontem foi a vida perdida. - Fernando Pessoa
+ Viver não é necessário. Necessário é criar. - Fernando Pessoa
+ Vivo sempre no presente. O futuro, não o conheço. O passado, já o não tenho. - Fernando Pessoa