Quem tem dois corações Me faça presente de um Que eu já fui dono de dois E já não tenho nenhum Dá-me beijos, dá-me tantos Que enleado em teus encantos Preso nos abraços teus Eu não sinta a própria vida Nem minh’alma ave perdida No azul amor dos teus céus Botão de rosa menina Carinhosa, pequenina Corpinho de tentação Vem morar na minha vida Dá em ti terna guarida Ao meu pobre coração Quando passo um dia inteiro Sem ver o meu amorzinho Cobre-me um frio de janeiro No junho do meu carinho.
Fernando Pessoa
Outras frases de Fernando Pessoa
+ XXXIX - O MISTÉRIO DAS COUSAS O mistério das cousas, onde está ele? Onde está ele que não aparece Pelo menos a mostrar-nos que é mistério? Que sabe o rio disso e que sabe a árvore? E eu, que não sou mais do que eles, que sei disso? Sempre que olho para as cousas e penso no que os homens pensam delas, Rio como um regato que soa fresco numa pedra. Porque o único sentido oculto das cousas É elas não terem sentido oculto nenhum, É mais estranho do que todas as estranhezas E do que os sonhos de todos os poetas E os pensamentos de todos os filósofos, Que as cousas sejam realmente o que parecem ser E não haja nada que compreender. Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos: — As cousas não têm significação: têm existência. As cousas são o único sentido oculto das cousas. - Fernando Pessoa
+ Viver é ser outro. Nem sentir é possível se hoje se sente como ontem se sentiu: sentir hoje o mesmo que ontem não é sentir — é lembrar hoje o que se sentiu ontem, ser hoje o cadáver vivo do que ontem foi a vida perdida. Apagar tudo do quadro de um dia para o outro, ser novo com cada nova madrugada, numa revirgindade perpétua da emoção — isto, e só isto, vale a pena ser ou ter, para ser ou ter o que imperfeitamente somos. - Fernando Pessoa
+ Vive a tua vida. Não sejas vivido por ela. - Fernando Pessoa
+ Vivem em nós inúmeros - Fernando Pessoa
+ vivo por que vivo, mas com a certeza que amanha sera um dia melhor - Fernando Pessoa