Silêncio No fadário que é meu, neste penar, Noite alta, noite escura, noite morta, Sou o vento que geme e quer entrar, Sou o vento que vai bater-te à porta…
Vivo longe de ti, mas que me importa? Se já não vivo em mim! Ando a vaguear Em roda à tua casa, a procurar Beber-te a voz, apaixonada, absorta!
Estou junto de ti, e não me vês… Quantas vezes no livro que tu lês Meu olhar se pousou e se perdeu!
Trago-te como um filho nos meus braços! E na tua casa… Escuta!… Uns leves passos.. Silêncio, meu Amor!… Abre!… Sou eu!…
Florbela Espanca
Outras frases de Florbela Espanca
+ E se um dia hei de ser pó, cinza e nada, que seja minha noite uma alvorada, que eu saiba me perder para me encontrar... - Florbela Espanca
+ Sou talvez a visão que alguém sonhou Alguém que veio ao mundo prá me ver E que nunca na vida me encontrou - Florbela Espanca
+ A vida é sempre a mesma para todos: rede de ilusões e desenganos. O quadro é único, a moldura é que é diferente. - Florbela Espanca
+ A ironia é a expressão mais perfeita do pensamento. - Florbela Espanca
+ Ser poeta é ser mais alto, é ser maior Do que os homens! Morder como quem beija! É ser mendigo e dar como quem seja Rei do Reino de Aquém e de Além Dor! É ter de mil desejos o esplendor E não saber sequer que se deseja! É ter cá dentro um astro que flameja, É ter garras e asas de condor! É ter fome, é ter sede de Infinito! Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim... É condensar o mundo num só grito! E é amar-te, assim, perdidamente... É seres alma, e sangue, e vida em mim E dizê-lo cantando a toda a gente! - Florbela Espanca