Poemeto Erótico

Teu corpo claro e perfeito, – Teu corpo de maravilha, Quero possuí-lo no leito Estreito da redondilha…

Teu corpo é tudo o que cheira… Rosa… flor de laranjeira…

Teu corpo, branco e macio, É como um véu de noivado…

Teu corpo é pomo doirado…

Rosal queimado do estio, Desfalecido em perfume…

Teu corpo é a brasa do lume…

Teu corpo é chama e flameja Como à tarde os horizontes…

É puro como nas fontes A água clara que serpeja, Quem em antigas se derrama…

Volúpia da água e da chama…

A todo o momento o vejo… Teu corpo… a única ilha No oceano do meu desejo…

Teu corpo é tudo o que brilha, Teu corpo é tudo o que cheira… Rosa, flor de laranjeira…


Manuel Bandeira

Outras frases de Manuel Bandeira

+ Vou-me Embora pra Pasárgada Vou-me embora pra Pasárgada Lá sou amigo do rei Lá tenho a mulher que eu quero Na cama que escolherei Vou-me embora pra Pasárgada Vou-me embora pra Pasárgada Aqui eu não sou feliz Lá a existência é uma aventura De tal modo inconseqüente Que Joana a Louca de Espanha Rainha e falsa demente Vem a ser contraparente Da nora que nunca tive E como farei ginástica Andarei de bicicleta Montarei em burro brabo Subirei no pau-de-sebo Tomarei banhos de mar! E quando estiver cansado Deito na beira do rio Mando chamar a mãe-d'água Pra me contar as histórias Que no tempo de eu menino Rosa vinha me contar Vou-me embora pra Pasárgada Em Pasárgada tem tudo É outra civilização Tem um processo seguro De impedir a concepção Tem telefone automático Tem alcalóide à vontade Tem prostitutas bonitas Para a gente namorar E quando eu estiver mais triste Mas triste de não ter jeito Quando de noite me der Vontade de me matar — Lá sou amigo do rei — Terei a mulher que eu quero Na cama que escolherei Vou-me embora pra Pasárgada. - Manuel Bandeira

+ Quero a delícia de poder sentir as coisas mais simples. - Manuel Bandeira

+ Irene no Céu Irene preta Irene boa Irene sempre de bom humor. Imagino Irene entrando no céu: - Licença, meu branco! E São Pedro bonachão: - Entra, Irene. Você não precisa pedir licença. - Manuel Bandeira

+ Eu gosto de delicadeza. Seja nos gestos, nas palavras, nas ações, no jeito de olhar, no dia-a-dia e até no que não é dito com palavras, mas fica no ar... - Manuel Bandeira

+ O Bicho Vi ontem um bicho Na imundície do pátio Catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa, Não examinava nem cheirava: Engolia com voracidade. O bicho não era um cão, Não era um gato, Não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem. - Manuel Bandeira

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