Frases de Jorge Luis Borges
+ "Há um verso de Verlaine que não voltarei a lembrar. Há uma rua aqui perto que está vedada a meus passos, há um espelho que me viu pela última vez, há uma porta que fechei até o fim do mundo. Entre os livros de minha biblioteca (eu os estou vendo) há algum que nunca mais abrirei. Este verão farei cinquenta anos; a morte me desgasta, incessante." - Jorge Luis Borges
+ Disseram-me algo a tarde e a montanha. Já não lembro mais. - Jorge Luis Borges
+ Antes las distancias eran mayores porque el espacio se mide por el tiempo. Antes as distancias eram maiores porque o espaço se media pelo tempo. - Jorge Luis Borges
+ A única coisa sem mistério é a felicidade, porque ela se justifica por si só - Jorge Luis Borges
+ A ociosa espada sonha com suas batalhas. Outro é meu sonho. - Jorge Luis Borges
+ A lua nova. Ela também a olha de outra porta. - Jorge Luis Borges
+ Somos o tempo. Somos a famosa parábola de Heráclito, o obscuro. Somos a água, não o diamante duro, a que se perde, não a que repousa. Somos o rio e somos aquele grego que se olha no rio. Seu semblante incerto se espelha na água mutante, no cristal que espelha o fogo tropego. Somos o vão rio predestinado, rumo ao mar. Pelas sombras cercado. Tudo nos diz adeus, tudo nos deixa. A memória nos imprime sua moeda. E no entanto há algo que se queda e no entanto há algo que se queixa. - Jorge Luis Borges
+ Somos nossa memória, somos esse quimérico museu de formas inconstantes, esse montão de espelhos rompidos. - Jorge Luis Borges
+ Sempre imaginei que oparaíso seria algum tipo debiblioteca. - Jorge Luis Borges
+ Saber que nos perdemos como o rio; E que passam os rostos como água. - Jorge Luis Borges
+ Que outros se jactem das páginas que tem escrito; me orgulho as que tem lido. - Jorge Luis Borges
+ Pero no hablemos de hechos. Ya a nadie le importan los hechos. Son meros puntos de partida para la invención y el razonamiento. En las escuelas nos enseñan la duda y el arte del olvido. Ante todo el olvido de lo personal y local. Vivimos en el tiempo, que es sucesivo, pero tratamos de vivir sub specie aeternitatis. Del pasado nos quedan algunos nombres, que el lenguaje tiende a olvidar. - Jorge Luis Borges
+ OS QUATRO CICLOS - Jorge Luis Borges. do livro O ouro dos Tigres (1972) : Quatro são as histórias. Uma, a mais antiga, é a de uma forte cidade cercada e defendida por homens valentes. Os defensores sabem que a cidade será entregue ao ferro e ao fogo e que sua batalha é inútil; o mais famoso dos agressores, Aquiles, sabe que seu destino é morrer antes da vitória. Os séculos foram acrescentando elementos de magia. Já se disse que Helena de Tróia, pela qual os exércitos morreram, era uma bela nuvem, uma sombra; já se disse que o grande cavalo oco no qual se ocultaram os gregos era também uma aparência. Homero não deve ter sido o primeiro poeta a referir a fábula; alguém, no século catorze, deixou esta linha que anda em minha memória: "The borgh brittened and brent to brontes and askes". Dante Gabriel Rossetti iria imaginar que a sorte de Tróia foi selada naquele instante em que Páris arde de amor por Helena; Yeats elegerá o instante em que se confundem Leda e o cisne que era um deus. Outra, que se vincula à primeira, é a de um regresso. O de Ulisses, que, ao fim de dez anos errando por mares perigosos e demorando-se em ilhas de encantamento, volta a sua Ítaca; o das divindades do Norte que, uma vez destruída a terra, vêem-na surgir do mar, verde e lúcida, e encontram perdidas no gramado as peças de xadrez com que antes jogaram. A terceira história é a de uma busca. Podemos ver nela uma variante da forma anterior. Jasão e o Velocino; os trinta pássaros do persa, que cruzam montanhas e mares e vêem o rosto de seu Deus, o Simurgh, que é cada um deles e todos. No passado, todo cometimento era venturoso. Alguém roubava, no fim, as proibidas maçãs de ouro; alguém, no fim, merecia a conquista do Graal. Agora, a busca está condenada ao fracasso. O capitão Ahab dá com a baleia e a baleia o desfaz; os heróis de James ou de Kafka só podem esperar a derrota. Somos tão pobres de coragem e de fé que agora o happy-ending não passa de um mimo industrial. Não podemos acreditar no céu, mas sim no inferno. A última história é a do sacrifício de um deus. Átis, na Frígia, se mutila e se mata; Odin, sacrificado a Odin, Ele mesmo a Si Mesmo, pende da árvore nove noites a fio, ferido com uma lança; Cristo é crucificado pelos romanos. Quatro são as histórias. Durante o tempo que nos resta, continuaremos a narrá-las, transformadas. - Jorge Luis Borges
+ O livro pode estar cheio de coisas erradas, podemos não estar de acordo com as opiniões do autor, mas mesmo assim conserva alguma coisa de sagrado, algo de divino, não para ser objecto de respeito supersticioso, mas para que o abordemos com o desejo de encontrar felicidade, de encontrar sabedoria. - Jorge Luis Borges
+ "Mas não falemos de fatos. Já a ninguém importam os fatos. São meros pontos de partida para a invenção e o raciocínio”. (em 'O livro de Areia' (1975).. [tradução de Morrone Averbuck]. São Paulo: Editora Globo, 1999.) - Jorge Luis Borges
+ La diversidad de las lenguas favorecía la diversidad de los pueblos y aún de las guerras - Jorge Luis Borges
+ Eu sou o único homem sobre a Terra e talvez não haja nem Terra nem homens. Pode ser um deus me engane. Pode ser que um deus tenha me condenado ao tempo, essa longa ilusão. Eu sonho a lua e sonho meus olhos que a percebem. Sonhei a noite e a manhã do primeiro dia. Sonhei Catargo e as legiões que devastaram Catargo. Sonhei Lucano. Sonhei a colina do Gólgota e as cruzes de Roma. Sonhei a geometria, Sonhei o ponto, a linha, o plano e o volume. Sonhei o amarelo, o vermelho e o azul. Sonhei os mapas-mundi e os reinos e o luto à aurora. Sonhei a dor inconcebível. Sonhei a duvida e a certeza. Sonhei o dia de ontem. Mas talvez não tenha tido ontem, talvez eu não tenha nascido. Sonho, talvez, que sonhei. - Jorge Luis Borges
+ “Desconhecemos os desígnios do universo, mas sabemos que raciocinar com lucidez e agir com justiça é ajudar esses desígnios, que não nos serão revelados.” - Jorge Luis Borges
+ Deixe que os outros se orgulhem do número de páginas que escreveram. Eu prefiro me gabar das que eu li. - Jorge Luis Borges
+ De todas las funciones, la del político era sin duda la más pública. Un embajador o un ministro era una suerte de lisiado que era preciso trasladar en largos y ruidosos vehículos, cercado de ciclistas y granaderos y aguardado por ansiosos fotógrafos. Parece que les hubieran cortado los pies, solía decir mi madre. Las imágenes y la letra impresa eran más reales que las cosas. Sólo lo publicado era verdadero. Esse est percipi (ser es ser retratado) era el principio, el medio y el fin de nuestro singular concepto del mundo. En el ayer que me tocó, la gente era ingenua; creía que una mercadería era buena porque así lo afirmaba y lo repetía su propio fabricante. También eran frecuentes los robos, aunque nadie ignoraba que la posesión de dinero no da mayor felicidad ni mayor quietud. - Jorge Luis Borges
+ Cometi o pior dos pecados que um homem pode cometer. Não fui feliz. Que as geleiras do esquecimento me arrastem e me levem, sem piedade. Meus pais me engendraram para o belo e arriscado jogo da vida, para a terra, a água, o ar, o fogo. Eu os decepcionei. Não fui feliz. Não cumpri sua vontade. Minha mente se dedicou às perfídias da arte, que tece inutilidades. Legaram-me coragem. Não fui valente. A sombra de minha infelicidade está sempre ao meu lado." (texto extraído do livro "Kafka para sobrecarregados" de Allan Percy, atribuido a Jorge Luís Borges) - Jorge Luis Borges
+ “A velhice (tal é o nome que os outros lhe dão) pode ser o tempo de nossa felicidade. O animal morreu ou quase morreu. Restam o homem e sua alma.” (trecho extraído do livro "Elogio da Sombra", Editora Globo - Porto Alegre, 2001, pág. 81 projeto releituras) - Jorge Luis Borges
+ A imagem que um homem só pode conceber é a de que não toca ninguém. - Jorge Luis Borges
+ A bela máscara mudou, mas como sempre é a única. De que me servirão meus talismãs: o exercício das letras, a vaga erudição, o aprendizado das palavras que usou o vago norte para cantar seus mares e suas espadas, a serena amizade, as galerias da biblioteca, as coisas comuns, os hábitos, o jovem amor de minha mãe, a sombra militar de meus mortos, a noite intemporal, o gosto do sonho? Estar ou não é a medida do meu tempo. O cântaro já se quebra sobre a fonte, já se levanta o homem à voz da ave, já escureceram os que olham pelas janelas, mas a sombra não trouxe a paz. É, eu sei, é o amor: a ansiedade e o alívio de ouvir tua voz, espera e a memória, o horror de viver o sucessivo. - Jorge Luis Borges
+ Que o céu exista, embora o meu lugar seja o inferno. - Jorge Luis Borges