Frases de Manoel De Barros

+ Tenho o privilégio de não saber quase tudo. E isso explica o resto. - Manoel De Barros

+ Poeta é um ente que lambe as palavras e depois se alucina. - Manoel De Barros

+ Há um comportamento de eternidade nos caramujos. - Manoel De Barros

+ “Para entender nós temos dois caminhos: o da sensibilidade que é o entendimento do corpo; e o da inteligência que é o entendimento do espírito. Eu escrevo com o corpo. Poesia não é para compreender, mas para incorporar. Entender é parede; procure ser árvore.” - Manoel De Barros

+ ”Formiga é um ser tão pequeno que não agüenta nem neblina. Bernardo me ensinou: Para infantilizar formigas é só pingar um pouquinho de água no coração delas. Achei fácil”. (Extraído do "Livro Sobre Nada" (Arte de Infantilizar Formigas), Editora Record - Rio de Janeiro, 1996, pág – projeto releituras) - Manoel De Barros

+ Me explica por que que um olhar de piedade Cravado na condição humana Não brilha mais que anúncio luminoso? - Manoel De Barros

+ É no ínfimo que eu vejo a exuberância. - Manoel De Barros

+ Só quem está em estado de palavra pode enxergar as coisas sem feitio. - Manoel De Barros

+ Tenho uma dor de concha extraviada. Uma dor de pedaços que não voltam. Eu sou muitas pessoas destroçadas. - Manoel De Barros

+ O fingidor O ermo que tinha dentro do olho do menino era um defeito de nascença, como ter uma perna mais curta. Por motivo dessa perna mais curta a infância do menino mancava. Ele nunca realizava nada. Fazia tudo de conta. Fingia que lata era um navio e viajava de lata. Fingia que vento era cavalo e corria ventena. Quando chegou a quadra de fugir de casa, o menino montava num lagarto e ia pro mato. Mas logo o lagarto virava pedra. Acho que o ermo que o menino herdara atrapalhava as suas viagens. O menino só atingia o que seu pai chamava de ilusão. - Manoel De Barros

+ Eu precisava de ficar pregado nas coisas vegetalmente e achar o que não procurava. - Manoel De Barros

+ A tarde está verde no olho das garças. - Manoel De Barros

+ "Se eu fosse viver de poesia, estava na sarjeta. Trabalho intelectual neste país é sinônimo de vagabundagem" Manoel de Barros, poeta, advogado e fazendeiro, em 29/12/1991, em entrevista ao GLOBO - Manoel De Barros

+ Repetir, repetir - até ficar diferente repetir é um dom do estilo - Manoel De Barros

+ Por pudor sou impuro. - Manoel De Barros

+ "... poesia pra mim é a loucura das palavras, é o delírio verbal, a ressonância das letras e o ilogismo. Sempre achei que atrás da voz dos poetas moram crianças, bêbados, psicóticos. Sem eles a linguagem seria mesmal. (...) Prefiro escrever o desanormal." (em "Ensaios fotográficos". 2000, p. 63.) - Manoel De Barros

+ As folhas das árvores caem para nos ensinar a cair sem alardes. Manoel de Barros. - Manoel De Barros

+ Sou fuga para flauta de pedra doce. A poesia me desbrava. Com águas me alinhavo - Manoel De Barros

+ Para apalpar as intimidades do mundo é preciso saber que o esplendor da manhã não se abre com faca. - Manoel De Barros

+ Nasci para administrar o à-toa, o em vão, o inútil. Pertenço de fazer imagens. Opero por semelhanças. Retiro semelhanças de pessoas com árvores, de pessoas com rãs, de pessoas com pedras, etc. Retiro semelhanças de árvores comigo. Não tenho habilidade pra clarezas. Preciso de obter sabedoria vegetal.(Sabedoria vegetal é receber com naturalidade uma rã no talo.) E quando esteja apropriado para pedra, terei também sabedoria mineral. - Manoel De Barros

+ Eu sou o medo da lucidez. Choveu na palavra onde eu estava. Eu via a natureza como quem a veste. Eu me fechava com espumas. Formigas vesúvias dormiam por baixo de trampas. Peguei umas ideias com as mãos - como a peixes. Nem era muito que eu me arrumasse por versos. Aquele arame do horizonte que separava o morro do céu estava rubro. Um rengo estacionou entre duas frases. Um descor Quase uma ilação do branco. Tinha um palor atormentado a hora. O pato dejetava liquidamente ali. - Manoel De Barros

+ Pode um homem enriquecer a natureza com sua incompletude? - Manoel De Barros

+ Ninguém é pai de um poema sem morrer. - Manoel De Barros

+ [É preciso] desinventar os objetos. O pente, por exemplo. É preciso dar ao pente funções de não pentear. Até que ele fique à disposição de ser uma begônia. Ou uma gravanha. Usar algumas palavras que ainda não tenham idioma. - Manoel De Barros

+ Um homem estava anoitecido. Se sentia por dentro um trapo social. Igual se, por fora, usasse um casaco rasgado e sujo. Tentou sair da angústia Isto ser: Ele queria jogar o casaco rasgado e sujo no lixo. Ele queria amanhecer. - Manoel De Barros