Alma

Acho que os sentimentos têm células, pois as sinto remexer, intensas libélulas a se fundir e a se desprender.

Alimentam-se de lágrimas e risos, sempre crescem. A cada instante que vivo, mais então se expandem, mais amadurecem.

Seu núcleo me pede pulsações e quando me perco pelas emoções, ele se avoluma e me maltrata. Chega a ser tão grande seu efeito, que rompe o peito,sangra e se dilata.

Ah minhas células emotivas! Quero-as em mim coladas e cativas fazendo-me viver intensamente. Eu as batizo com o nome de “alma” e as responsabilizo a viver eternamente ainda quando o coração se acalma e põe-se a dormir irreversivelmente.


Flora Figueiredo

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+ Não deixe portas entreabertas. Escancare-as ou as bata de uma vez. Porque por meias entradas entram meias felicidades. - Flora Figueiredo

+ Não deixe portas entreabertas Escancare-as Ou bata-as de vez. Pelos vãos, brechas e fendas Passam apenas semiventos, Meias verdades E muita insensatez. - Flora Figueiredo

+ Mais uma vez o tempo me assusta. Passa afobado pelo meu dia, atropela minha hora, despreza minha agenda. Corre prepotente, para disputar lugar com o vento. O tempo envelhece, não se emenda. Deveria haver algum decreto que obrigasse o tempo a desacelerar e a respeitar meu projeto. Só assim, eu daria conta dos livros que vão se empilhando,das melodias que estão me aguardando; Das saudades que venho sentindo, Das verdades que ando mentindo, Das promessas que venho esquecendo, Dos impulsos que sigo contendo, Dos prazeres que chegam partindo, Dos receios que partem voltando. Agora, que redijo a página final, Percebo o tanto de caminho percorrido Ao impulso da hora que vai me acelerando. Apesar do tempo, e sua pressa desleal, Agradeço a Deus por ter vivido, amanhecer e continuar teimando ... - Flora Figueiredo

+ Pois que viver não é entrar no mar onde dá pé, mas mergulhar com fé no maremoto. - Flora Figueiredo

+ Vento novo Estava enrolada em teias e traças, debaixo da escada, lá no subsolo da casa fechada. Começava a tomar ares de desgraça. Manchada do tempo, fenecia a esperar que um dia alguma coisa acontecesse. Antes que se perdesse completamente, sentiu passar um vento cor-de-rosa. Toda prosa, espanou a bruma, pintou os lábios e sem vergonha nenhuma caprichou no recorte do decote. A felicidade volta à praça cheia de dengo e de graça, com perfume novo no cangote. - Flora Figueiredo

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