⁠Espelho

Sou prateado e exato. Não tenho preconceitos. Tudo o que vejo engulo no mesmo momento Do jeito que é, sem manchas de amor ou desprezo. Não sou cruel, apenas verdadeiro — O olho de um pequeno deus, com quatro cantos. O tempo todo medito do outro lado da parede. Cor-de-rosa, malhada. Há tanto tempo olho para ele Que acho que faz parte do meu coração. Mas ele falha. Escuridão e faces nos separam mais e mais. Sou um lago, agora. Uma mulher se debruça sobre mim, Buscando em minhas margens sua imagem verdadeira. Então olha aquelas mentirosas, as velas ou a lua. Vejo suas costas, e a reflito fielmente. Me retribui com lágrimas e acenos. Sou importante para ela. Ela vai e vem. A cada manhã seu rosto repõe a escuridão. Ela afogou uma menina em mim, e em mim uma velha Emerge em sua direção, dia a dia, como um peixe terrível.


Sylvia Plath

Outras frases de Sylvia Plath

+ Talvez eu nunca seja feliz, mas esta noite estou contente. Nada além de uma casa vazia, o morno e vago cansaço após um dia ao sol plantando estolhos de morango, um doce copo de leite frio e um prato raso de mirtilos cobertos com creme. Agora sei como as pessoas conseguem viver sem livros, sem faculdade. Quando a gente chega ao final do dia tão cansada precisa dormir, e ao amanhecer haverá mais morangos para plantar, e vai-se vivendo em contato com a terra. Em momentos assim me consideraria uma tola se pedisse mais... - Sylvia Plath

+ Canção de Amor da Jovem Louca Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro Ergo as pálpebras e tudo volta a renascer (Acho que te criei no interior da minha mente) Saem valsando as estrelas, vermelhas e azuis, Entra a galope a arbitrária escuridão: Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro. Enfeitiçaste-me, em sonhos, para a cama, Cantaste-me para a loucura; beijaste-me para a insanidade. (Acho que te criei no interior de minha mente) Tomba Deus das alturas; abranda-se o fogo do inferno: Retiram-se os serafins e os homens de Satã: Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro. Imaginei que voltarias como prometeste Envelheço, porém, e esqueço-me do teu nome. (Acho que te criei no interior de minha mente) Deveria, em teu lugar, ter amado um falcão Pelo menos, com a primavera, retornam com estrondo Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro: (Acho que te criei no interior de minha mente.) - Sylvia Plath

+ Como precisamos de uma outra alma para nos agarrar, um outro corpo para nos manter aquecidos. Para descansar e confiar; para dar sua alma com fé. Eu preciso disso, eu preciso de alguém onde me derramar. - Sylvia Plath

+ Para que serve minha vida e o que vou fazer com ela? Não sei e sinto medo. Não posso ler todos os livros que quero; não posso ser todas as pessoas que quero e viver todas as vidas que quero. E por que eu quero? Quero viver e sentir as nuances, os tons e as variações das experiências físicas e mentais possíveis de minha existência. E sou terrivelmente limitada. (…) Tenho muita vida pela frente, mas inexplicadamente sinto-me triste e fraca. No fundo, talvez se possa localizar tal sentimento em meu desagrado por ter de escolher entre alternativas. Talvez por isso queira ser todos – assim, ninguém poderá me culpar por eu ser eu. Assim, não precisarei assumir a responsabilidade pelo desenvolvimento do meu caráter e de minha filosofia. Eis a fuga pra loucura… - Sylvia Plath

+ Sim, eu estava apaixonada por você: eu ainda estou. Ninguém jamais alcançou uma capacidade tão elevada de sensações físicas em mim. Eu te cortei da minha vida porque não poderia ser uma fantasia de passagem. Antes de dar o meu corpo, eu devo dar aos meus pensamentos, minha mente, meus sonhos. E você não queria nada disso. - Sylvia Plath

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