Eu não sou da sua rua, eu não sou o seu vizinho, eu moro muito longe, sozinho.

estou aqui de passagem.

+ O meu tempo O meu tempo não é o seu tempo. O meu tempo é só meu. O seu tempo é seu e de qualquer pessoa, até eu. O seu tempo é o tempo que voa. O meu tempo só vai onde eu vou. O seu tempo está fora, regendo. O meu dentro, sem lua e sem sol. O seu tempo comanda os eventos. O seu tempo é o tempo, o meu sou. O seu tempo é só um para todos, O meu tempo é mais um entre muitos. O seu tempo se mede em minutos, O meu muda e se perde entre outros. O meu tempo faz parte de mim, não do que eu sigo. O meu tempo acabará comigo no meu fim. - Arnaldo Antunes

+ O escuro é metade da zebra - Arnaldo Antunes

+ O amor. sem palavras. Ou. A palavra amor, sem amor. Sendo amor, ou. A palavra ou. Sem substituir nem ser substituída por. Si, a palavra si, sem ser designada ou gnificada por. O amor. Entre si e o que se. Chama amor, como se. Amasse (esse pedaço de papel escrito amor). Somasse o amor ao nome amor, onde ecoa. O mar, onde some o mar onde soa. A palavra amor, sem palavras. - Arnaldo Antunes

+ Em tantos sentimentos deve ter algum que sirva. - Arnaldo Antunes

+ Cultura O girino é o peixinho do sapo. O silêncio é o começo do papo. O bigode é a antena do gato. O cavalo é o pasto do carrapato. O cabrito é o cordeiro da cabra. O pescoço é a barriga da cobra. O leitão é um porquinho mais novo. A galinha é um pouquinho do ovo. O desejo é o começo do corpo. Engordar é tarefa do porco. A cegonha é a girafa do ganso. O cachorro é um lobo mais manso. O escuro é a metade da zebra. As raízes são as veias da seiva. O camelo é um cavalo sem sede. Tartaruga por dentro é parede. O potrinho é o bezerro da égua. A batalha é o começo da trégua. Papagaio é um dragão miniatura. Bactéria num meio é cultura. - Arnaldo Antunes