O Camundongo da Cidade e o do Campo Fábula de Esopo

Um camundongo que morava na cidade foi, uma vez, visitar um primo que vivia no campo. Este era um pouco arrogante e espevitado, mas queria muito bem ao primo, de maneira que o recebeu com muita satisfação. Ofereceu-lhe o que tinha de melhor: feijão, toucinho, pão e queijo.

O camundongo da cidade torceu o nariz e disse: – Não posso entender, primo, como você consegue viver com estes pobres alimentos. Naturalmente, aqui no campo, é difícil obter coisa melhor. Venha comigo e eu lhe mostrarei como se vive na cidade. Depois que passar lá uma semana, você ficará admirado de ter suportado a vida no campo.

Os dois puseram-se, então, a caminho. Tarde da noite, chegaram à casa do camundongo da cidade. – Certamente você gostará de tomar um refresco, após esta caminhada, disse ele polidamente ao primo.

Conduziu-o à sala de jantar, onde encontraram os restos de uma grande festa. Puseram-se a comer geleias e bolos deliciosos. De repente, ouviram rosnados e latidos. – O que é isto? – perguntou, assustado, o camundongo do campo. – São, simplesmente, os cães da casa – respondeu o da cidade. – Simplesmente? Não gosto desta música durante o meu jantar.

Neste momento, a porta se abriu e apareceram dois enormes cães. Os camundongos tiveram que fugir a toda pressa.

– Adeus, primo – disse o camundongo do campo. – Vou voltar para minha casa no campo. – Já vai tão cedo? – perguntou o da cidade. – Sim, já vou e não pretendo voltar – concluiu o primeiro.

Moral: Mais vale o pouco certo do que o muito duvidoso.


Esopo

Outras frases de Esopo

+ História da Carroça Vazia Num certo dia, um pai convidou o filho para irem de Maratona a Atenas a pé. O filho aceitou com entusiasmo, e disse: – Que bom! Meu querido pai, quem sabe se não vejo os ilustres sábios a discursarem na ágora de Atenas. E foram caminhando, depois de um certo tempo, pararam para descansar debaixo de frondosas árvores a beira de um riacho. Se fartaram de beber água e descansaram sob as sombras ouvindo as melodias dos pássaros. Nesse ínterim, também se ouvia um barulho. O menino apurou os ouvidos e disse: – Esse barulho deve ser de uma carroça. – Isso mesmo, disse o pai do menino. É uma carroça vazia... O filho perguntou ao pai: – Papai, como o senhor pode saber se a carroça está vazia se ainda não a vimos? Então disse o pai: – Ora, é muito fácil saber se uma carroça está vazia por causa do barulho. Quanto mais vazia a carroça, maior é o barulho que ela faz. O menino virou adulto, e quando ele via uma pessoa falando demais, inoportuna, se intrometendo nas conversas dos outros, tinha a impressão de ouvir a voz do pai dizendo: – Quanto mais vazia a carroça, maior é o barulho. MORAL DA HISTÓRIA Muitas vezes as pessoas que falam muito não têm muito a dizer, enquanto as pessoas mais inteligentes e sábias geralmente falam menos e ouvem mais. Isso significa que, quando alguém fala demais, pode ser porque essa pessoa não tem muitas coisas interessantes para compartilhar ou porque quer chamar atenção para si mesma. Por outro lado, quando alguém é mais reservado, pode ser porque essa pessoa tem muitas coisas interessantes para compartilhar e está mais preocupada em ouvir os outros. É importante prestar atenção na qualidade do que se diz e escolher as palavras com cuidado, em vez de simplesmente falar muito para chamar a atenção. - Esopo

+ Nenhum gesto de amizade, por muito insignificante que seja, é desperdiçado. - Esopo

+ Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar. - Esopo

+ ESOPO E A LÍNGUA Esopo era um escravo de rara inteligência que servia à casa de um conhecido chefe militar da antiga Grécia. Certo dia, em que seu patrão conversava com outro companheiro sobre os males e as virtudes do mundo, Esopo foi chamado a dar sua opinião sobre o assunto, ao que respondeu seguramente: Tenho a mais absoluta certeza de que a maior virtude da Terra está à venda no mercado. Como? Perguntou o amo surpreso. Tens certeza do que está falando? Como podes afirmar tal coisa? Não só afirmo, como, se meu amo permitir, irei até lá e trarei a maior virtude da Terra. Com a devida autorização do amo, saiu Esopo e, dali a alguns minutos voltou carregando um pequeno embrulho. Ao abrir o pacote, o velho chefe encontrou vários pedaços de língua, e, enfurecido, deu ao escravo uma chance para explicar-se. -- Meu amo, não vos enganei, retrucou Esopo. -- A língua é, realmente, a maior das virtudes. Com ela podemos consolar, ensinar, esclarecer, aliviar e conduzir. Pela língua os ensinos dos filósofos são divulgados, os conceitos religiosos são espalhados, as obras dos poetas se tornam conhecidas de todos. Acaso podeis negar essas verdades, meu amo? -- Boa, meu caro, retrucou o amigo do amo. Já que és desembaraçado, que tal trazer-me agora o pior vício do mundo. -- É perfeitamente possível, senhor, e com nova autorização de meu amo, irei novamente ao mercado e de lá trarei o pior vício de toda terra. Concedida a permissão, Esopo saiu novamente e dali a minutos voltava com outro pacote semelhante ao primeiro. Ao abri-lo, os amigos encontraram novamente pedaços de língua. Desapontados, interrogaram o escravo e obtiveram dele surpreendente resposta: Por que vos admirais de minha escolha? Do mesmo modo que a língua, bem utilizada, se converte numa sublime virtude, quando relegada a planos inferiores se transforma no pior dos vícios. Através dela tecem -se as intrigas e as violências verbais. Através dela, as verdades mais santas, por ela mesma ensinadas, podem ser corrompidas e apresentadas como anedotas vulgares e sem sentido. Através da língua, estabelecem-se as discussões infrutíferas, os desentendimentos prolongados e as confusões populares que levam ao desequilíbrio social. Acaso podeis refutar o que digo? -- Indagou Esopo. Impressionados com a inteligência invulgar do serviçal, ambos os senhores calaram-se, comovidos, e o velho chefe, no mesmo instante, reconhecendo o disparate que era ter um homem tão sábio como escravo, deu-lhe a liberdade. Esopo aceitou a libertação e tornou-se, mais tarde, um contador de fábulas muito conhecido da antigüidade e cujas histórias até hoje se espalham por todo mundo. - Esopo

+ Um pedaço de pão comido em paz é melhor do que um banquete comido com ansiedade. - Esopo

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