⁠ Podíamos jamais nos conhecer talvez! Meu amor, imagine, pois, tudo isso que a Sorte nos fez para estarmos aqui, para sermos nós dois! “Nós fomos feitos um para o outro” – diz você. Mas pense no que foi preciso se interpor de coincidências, para que pudesse haver apenas isto: o nosso amor! Que antes de unir nosso destino vagabundo, vivemos longe um do outro, e sós, e separados, e que é tão longo o tempo, e que é tão grande o mundo, e a gente era capaz de não ter-se encontrado. Você nunca pensou, meu romance bonito, e que este amor correu de risco e indecisões quando, ao encontro um do outro, em torno do infinito, gravitavam à toa os nossos corações? Você não sabe então que era incerta essa estrada que conduziu nossos ideais, e que um capricho, um quase nada podia não nos ter juntado nunca mais? Nunca lhe confessei esta coisa esquisita: quando avistei você pela primeira vez, a princípio nem vi que você era bonita… Não reparei quase em você. Sua amiga me atraiu bem mais, com seu sorriso. Foi só muito depois que cruzamos o olhar… Nós podíamos não ter lido nada disso: Você, não compreender, e eu, nem sequer ousar. Que seria de nós se, aquela noite, alguém viesse buscar você antes? Ou se, entre luzes, você não corasse também quando eu quis ajudar a pôr o seu “manteau”?… Pois foram essas razões, lembra-se ainda?… Um atraso, um impedimento, e nada existiria deste encantamento, desta metamorfose linda! Nunca aconteceria o amor que aconteceu. Você não estaria agora em minha vida… Meu coração, meu coração, minha querida! Penso naquela doença ainda de que você quase morreu…


Paul Géraldy

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