Poemeto Erótico

Teu corpo claro e perfeito, – Teu corpo de maravilha, Quero possuí-lo no leito Estreito da redondilha…

Teu corpo é tudo o que cheira… Rosa… flor de laranjeira…

Teu corpo, branco e macio, É como um véu de noivado…

Teu corpo é pomo doirado…

Rosal queimado do estio, Desfalecido em perfume…

Teu corpo é a brasa do lume…

Teu corpo é chama e flameja Como à tarde os horizontes…

É puro como nas fontes A água clara que serpeja, Quem em antigas se derrama…

Volúpia da água e da chama…

A todo o momento o vejo… Teu corpo… a única ilha No oceano do meu desejo…

Teu corpo é tudo o que brilha, Teu corpo é tudo o que cheira… Rosa, flor de laranjeira…


Manuel Bandeira

Outras frases de Manuel Bandeira

+ O Bicho Vi ontem um bicho Na imundície do pátio Catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa, Não examinava nem cheirava: Engolia com voracidade. O bicho não era um cão, Não era um gato, Não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem. - Manuel Bandeira

+ ARTE DE AMAR Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma. A alma é que estraga o amor. Só em Deus ela pode encontrar satisfação. Não noutra alma. Só em Deus - ou fora do mundo. As almas são incomunicáveis. Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo. Porque os corpos se entendem, mas as almas não. - Manuel Bandeira

+ Eu gosto de delicadeza. Seja nos gestos, nas palavras, nas ações, no jeito de olhar, no dia-a-dia e até no que não é dito com palavras, mas fica no ar... - Manuel Bandeira

+ Madrigal Melancólico O que eu adoro em ti Não é a tua beleza A beleza é em nós que existe A beleza é um conceito E a beleza é triste Não é triste em si Mas pelo que há nela De fragilidade e incerteza O que eu adoro em ti Não é a tua inteligência Não é o teu espírito sutil Tão ágil e tão luminoso Ave solta no céu matinal da montanha Nem é a tua ciência Do coração dos homens e das coisas. O que eu adoro em ti Não é a tua graça musical Sucessiva e renovada a cada momento Graça aérea como teu próprio momento Graça que perturba e que satisfaz O que eu adoro em ti Não é a mãe que já perdi E nem meu pai O que eu adoro em tua natureza Não é o profundo instinto matinal Em teu flanco aberto como uma ferida Nem a tua pureza. Nem a tua impureza. O que adoro em ti lastima-me e consola-me: O que eu adoro em ti é a vida! - Manuel Bandeira

+ Vivo nas estrelas porque é lá que brilha a minha alma. - Manuel Bandeira

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