Tenho fome da sua boca, da sua voz, do seu cabelo, e ando pelas ruas sem comer, calado, não me sustenta o pão, a aurora me desconcerta, busco no dia o som líquido dos seus pés.

Estou faminto do seu riso saltitante, das suas mãos cor de furioso celeiro, tenho fome da pálida pedra das suas unhas, quero comer a sua pele como uma intacta amêndoa.

Quero comer o raio queimado na sua formosura, o nariz soberano do rosto altivo, quero comer a sombra fugaz das suas pestanas

e faminto venho e vou farejando o crepúsculo te procurando, procurando o seu coração ardente como um puma na solidão de Quitratue.


Pablo Neruda

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+ Se sou amado, quanto mais amado mais correspondo ao amor. Se sou esquecido, devo esquecer também, Pois amor é feito espelho: tem que ter reflexo. - Pablo Neruda

+ E desde então, sou porque tu és E desde então és sou e somos... E por amor Serei... Serás... Seremos... - Pablo Neruda

+ Saberás que não te amo e que te amo posto que de dois modos é a vida, a palavra é uma asa do silêncio, o fogo tem uma metade de frio. Eu te amo para começar a amar-te, para recomeçar o infinito e para não deixar de amar-te nunca: por isso não te amo ainda. Te amo e não te amo como se tivesse em minhas mãos as chaves da fortuna e um incerto destino desafortunado. Meu amor tem duas vidas para amar-te. Por isso te amo quando não te amo e por isso te amo quando te amo. - Pablo Neruda

+ Podes cortar todas as flores mas não podes impedir a Primavera de aparecer. - Pablo Neruda

+ Ainda que chova, ainda que doa. Ainda que a distância corroa as horas do dia e caia a noite sem estrelas, o mundo brilha um pouquinho mais a cada vez que você sorri. - Pablo Neruda

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