Tropeçavas nos astros desastrada Quase não tínhamos livros em casa E a cidade não tinha livraria Mas os livros que em nossa vida entraram São como a radiação de um corpo negro Apontando pra a expansão do Universo Porque a frase, o conceito, o enredo, o verso (E, sem dúvida, sobretudo o verso) É o que pode lançar mundos no mundo.

Tropeçavas nos astros desastrada Sem saber que a ventura e a desventura Dessa estrada que vai do nada ao nada São livros e o luar contra a cultura.

Os livros são objetos transcendentes Mas podemos amá-los do amor táctil Que votamos aos maços de cigarro Domá-los, cultivá-los em aquários, Em estantes, gaiolas, em fogueiras Ou lançá-los pra fora das janelas (Talvez isso nos livre de lançarmo-nos) Ou ­ o que é muito pior ­ por odiarmo-los Podemos simplesmente escrever um:

Encher de vãs palavras muitas páginas E de mais confusão as prateleiras. Tropeçavas nos astros desastrada Mas pra mim foste a estrela entre as estrelas.


Caetano Veloso

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+ Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é... - Caetano Veloso

+ Teu corpo combina com meu jeito, Nós dois fomos feitos muito pra nós dois. - Caetano Veloso

+ Qualquer maneira de amor vale a pena Qualquer maneira de amor vale amar... - Caetano Veloso

+ Gente é pra brilhar, não pra morrer de fome. - Caetano Veloso

+ Meu negócio agora é sexo e amizade. Acho esse negócio de amor uma coisa muito chata. - Caetano Veloso

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