Última flor do Lácio, inculta e bela, És a um tempo, esplendor e sepultura: ouro nativo, que na ganga impura A bruta mina entre os cascalhos vela.

Amo-te assim, desconhecida e obscura, Tuba de alto clangor, lira singela, Que tens o trom e o silvo da procela E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma De virgens selvas e de oceano largo! Amo-te ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: “meu filho!” E em que Camões chorou, no exílio amargo, O gênio sem ventura e o amor sem brilho!


Olavo Bilac

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+ Saudade: presença dos ausentes. - Olavo Bilac

+ Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada E triste, e triste e fatigado eu vinha. Tinhas a alma de sonhos povoada , E a alma de sonhos povoada eu tinha... E paramos de súbito na estrada Da vida: longos anos, presa à minha A tua mão, a vista deslumbrada Tive da luz que teu olhar continha. Hoje, segues de novo... Na partida Nem o pranto os teu olhos umedece, Nem te comove a dor da despedida. E eu, solitário, volto a face, e tremo, vendo o teu vulto que desaparece Na extrema curva do caminho extremo. - Olavo Bilac

+ O amor que a teu lado levas, a que lugar te conduz, que entras coberto de trevas e sais coberto de luz? - Olavo Bilac

+ Há quem me julgue perdido, porque ando a ouvir estrelas. Só quem ama tem ouvido para ouvi-las e entendê-las. - Olavo Bilac

+ Velhas Árvores Olha estas velhas árvores, mais belas Do que as árvores moças, mais amigas, Tanto mais belas quanto mais antigas, Vencedoras da idade e das procelas... O homem, a fera e o inseto, à sombra delas Vivem, livres da fome e de fadigas: E em seus galhos abrigam-se as cantigas E os amores das aves tagarelas. Não choremos, amigo, a mocidade! Envelheçamos rindo. Envelheçamos Como as árvores fortes envelhecem, Na glória de alegria e da bondade, Agasalhando os pássaros nos ramos, Dando sombra e consolo aos que padecem! - Olavo Bilac

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