Frases de Carolina Maria De Jesus

+ Esquentei o arroz e os peixes e dei para os filhos. Depois fui catar lenha. Parece que vim ao mundo predestinada a catar. Só não cato felicidade. - Carolina Maria De Jesus

+ Já estava cansada de viver às margens da vida. - Carolina Maria De Jesus

+ A vida para uns são cheias de curvas que dá impressão que eles seguem para o calvário conduzindo uma cruz que se chama "custo de vida". - Carolina Maria De Jesus

+ Minha mãe dizia que as exigências na vida nos obrigam a não escolher os polos. Quem nasce no polo norte, se puder viver melhor no polo sul, então deve viajar para os locais onde a vida seja mais amena. - Carolina Maria De Jesus

+ Fui ficando triste. O mundo há de ser sempre assim: negro para aqui, negro, para ali. E Deus gosta mais dos brancos do que dos negros. Os brancos têm casas cobertas com telhas. Se Deus não gosta de nós, por que é que nos fez nascer? - Carolina Maria De Jesus

+ É quatro horas. Eu já fiz almoço – hoje foi almoço. Tinha arroz, feijão e repolho e linguiça. Quando eu faço quatro pratos penso que sou alguém. Quando vejo meus filhos comendo arroz e feijão, o alimento que não está no alcance do favelado, fico sorrindo à toa. Como se eu estivesse assistindo um espetáculo deslumbrante. - Carolina Maria De Jesus

+ Quem inventou a fome são os que comem. - Carolina Maria De Jesus

+ Que efeito surpreendente faz a comida no nosso organismo! Eu que antes de comer via o céu, as árvores, as aves, tudo amarelo, depois que comi, tudo normalizou-se aos meus olhos. - Carolina Maria De Jesus

+ Quando Jesus disse para as mulheres de Jerusalém "Não chores por mim. Chorai por vós" suas palavras profetizavam o governo do Senhor Juscelino. Penado de agruras para o povo brasileiro. Penado que o pobre há de comer o que encontrar no lixo ou então dormir com fome. Você já viu um cão quando quer segurar a cauda com a boca e fica rodando sem pegá-la? É igual o governo Juscelino! - Carolina Maria De Jesus

+ Quando eu não tinha nada o que comer, em vez de xingar, eu escrevia. Tem pessoas que, quando estão nervosas, xingam ou pensam na morte como solução. Eu escrevia o meu diário. - Carolina Maria De Jesus

+ Os brancos de agora já estão ficando melhor para os pretos. Agora, eles atiram para amedrontá-los, antigamente atiravam para matá-los. - Carolina Maria De Jesus

+ O negro só é livre quando morre. - Carolina Maria De Jesus

+ O Estado está presente ali apenas para reprimir. - Carolina Maria De Jesus

+ No dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual: a fome! - Carolina Maria De Jesus

+ Eu sou negra, a fome é amarela e dói muito. - Carolina Maria De Jesus

+ Eu estava pagando o sapateiro e conversando com um preto que estava lendo um jornal. Ele estava revoltado com um guarda civil que espancou um preto e amarrou numa árvore. O guarda civil é branco. E há certos brancos que transforma preto em bode expiatório. Quem sabe se guarda civil ignora que já foi extinta a escravidão e ainda estamos no regime da chibata? - Carolina Maria De Jesus

+ Deixei o leito furiosa. Com vontade de quebrar e destruir tudo. Porque eu tinha só feijão e sal. E amanhã é domingo. - Carolina Maria De Jesus

+ As oito e meia da noite eu já estava na favela respirando o odor dos excrementos que mescla com barro podre. Quando estou na cidade tenho a impressão que estou na sala de visita com seus lustres de cristais, seus tapetes de veludos, almofadas de cetim. E quanto estou na favela tenho a impressão que sou um objeto fora de uso, digno de estar num quarto de despejo. - Carolina Maria De Jesus

+ A comida no estômago é como o combustível nas máquinas. Passei a trabalhar mais depressa. O meu corpo deixou de pesar. Comecei a andar mais depressa. Eu tinha a impressão que eu deslizava no espaço. Comecei a sorrir como se estivesse presenciando um lindo espetáculo. E haverá espetáculo mais lindo do que ter o que comer? Parece que eu estava comendo pela primeira vez na minha vida. - Carolina Maria De Jesus

+ A amizade do analfabeto é sincera. E o ódio também. - Carolina Maria De Jesus

+ ⁠O que eu aviso aos pretendentes a politica, é que o povo não tolera a fome. É preciso conhecer a fome para saber descrevê-la. - Carolina Maria De Jesus

+ ⁠O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que já passou fome. A fome tambem é professora. Quem passa fome aprende a pensar no proximo, e nas crianças. - Carolina Maria De Jesus

+ ⁠Muitas fugiam ao me ver… Muitas fugiam ao me ver Pensando que eu não percebia Outras pediam pra ler Os versos que eu escrevia Era papel que eu catava Para custear o meu viver E no lixo eu encontrava livros para ler Quantas coisas eu quiz fazer Fui tolhida pelo preconceito Se eu extinguir quero renascer Num país que predomina o preto Adeus! Adeus, eu vou morrer! E deixo esses versos ao meu país Se é que temos o direito de renascer Quero um lugar, onde o preto é feliz. - Carolina Maria De Jesus

+ ⁠Fui pedir um pouco de banha a Dona Alice. Ela deu-me a banha e arroz. Era 9 horas da noite quando comemos. E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual - a fome! - Carolina Maria De Jesus

+ ⁠Atualmente somos escravos do custo de vida. - Carolina Maria De Jesus